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Systematic review
Journal»Cochrane Database of Systematic Reviews
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2015
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INTRODUÇÃO:
Esta é uma atualização da nossa revisão anterior de 2008. Vários estudos e revisões sistemáticas recentes do impacto do exercício em pessoas com demência têm apresentado resultados promissores.
OBJETIVOS:
Objetivo primárioNos idosos com demência, os programas de exercícios melhoram a cognição, as atividades de vida diária (AVD), os sintomas neuropsiquiátricos, a depressão e a mortalidade? Objetivos secundáriosProgramas de exercícios para idosos com demência têm impacto indireto sobre os cuidadores familiares, sua qualidade de vida e mortalidade?Programas de exercícios para idosos com demência reduzem o uso dos serviços de saúde (por exemplo, visitas ao serviço de emergência) pelos participantes e seus cuidadores familiares?
MÉTODOS DE BUSCA:
Identificamos os estudos para inclusão nesta revisão pesquisando nas bases ALOIS(www.medicine.ox.ac.uk/alois),The Cochrane Dementia and Cognitive Improvement Group’s Specialised Register, em 4 de setembro de 2011, em 13 de agosto de 2012 e novamente em 3 de outubro de 2013.
CRITÉRIO DE SELEÇÃO:
Nesta revisão, foram incluídos ensaios clínicos randomizados nos quais as pessoas mais velhas, diagnosticadas com demência, foram alocadas em programas de exercício ou em grupos controle (cuidados habituais ou contato/atividades sociais) com o objetivo de melhorar a cognição, as AVD, os sintomas neuropsiquiátricos, a depressão e a mortalidade. Os desfechos secundários estavam relacionados aos cuidadores familiares e incluíram efeitos sobre sua carga de trabalho, qualidade de vida, mortalidade e utilização dos serviços de saúde.
COLETA DOS DADOS E ANÁLISES:
Pelo menos dois autores, trabalhando de forma independente, avaliaram os artigos para a inclusão, bem como a qualidade metodológica e realizaram a extração dos dados. Analisamos os dados para estimativa dos efeitos. Para os dados contínuos, calculamos as diferenças médias ou diferenças médias padronizadas (inglês: SMD) e sintetizamos os dados para cada desfecho usando um modelo de efeito fixo. Nos casos de com grande heterogeneidade entre os estudos, usamos um modelo de efeito aleatório. Planejamos explorar a heterogeneidade em relação à gravidade e o tipo de demência, e tipo, frequência e duração do programa de exercícios. Avaliamos também os eventos adversos.
PRINCIPAIS RESULTADOS:
Dezessete estudos com 1.067 participantes preencheram os critérios de inclusão. No entanto, os dados necessários de três estudos e alguns dos dados de um quarto estudo não foram publicados e disponibilizados. Os estudos incluídos foram altamente heterogêneos em termos de subtipo e gravidade da demência dos participantes, e também quanto a tipo, duração e frequência do exercício. Apenas dois estudos incluíam participantes que vivem no domicílio.Nossa metanálise revelou que não há evidência clara de benefícios de programas de exercícios sobre a função cognitiva. A diferença média padronizada (SMD) estimada entre os grupos exercício e controles foi de 0,43 [intervalo de confiança de 95% (IC) de -0,05 a 0,92; P = 0,08; nove estudos com 409 participantes]. Houve considerável heterogeneidade entre os estudos (I² de 80%) e não conseguimos explicar a causa dessa heterogeneidade. Consideramos a qualidade da evidência como muito baixa. Encontramos benefício de programas de exercícios sobre a capacidade das pessoas com demência para realizarem suas AVD (seis estudos, 289 participantes). A diferença média padronizada estimada entre os grupos exercício e controle foi de 0,68 (95% CI 0,08 a 1,27; P = 0,02). No entanto, novamente observamos considerável heterogeneidade estatística, não explicada (I² = 77%) nesta metanálise, e consideramos a qualidade da evidência como muito baixa. Isso significa que é necessária cautela na interpretação desses resultados.Outras análises em um estudo mostraram que pode ocorrer redução da carga de trabalho dos cuidadores informais em domicílio, quando eles supervisionam a participação de um parente com demência em um programa de exercícios. A diferença média padronizada entre os grupos exercício e controle foi de -15,30 (95% IC-24,73 a -5,87; um estudo com 40 participantes; p = 0,001). Aparentemente, não houve risco de viés nesse estudo. Além disso, não houve evidência clara de benefício do exercício em sintomas neuropsiquiátricos (diferença média padronizada -0,60, 95% CI -4,22 a 3,02; um estudo, 110 participantes; p = 0,75), ou depressão (diferença média padronizada 0,14, 95% CI -0,07 a 0,36; 5 estudos com 341 participantes; p = 0,16). Não foi possível avaliar os outros desfechos (qualidade de vida, mortalidade e custos com saúde), já que, ou os dados apropriados não foram relatados, ou não encontramos estudos que avaliaram esses desfechos.
CONCLUSÃO DOS AUTORES:
Há evidências promissoras de que programas de exercícios podem ter um impacto significativo na melhoria da capacidade de realizar as AVD em pessoas com demência, embora aconselhe-se alguma cautela na interpretação desses resultados. A revisão não mostrou evidência de benefício dos exercícios sobre a cognição, os sintomas psiquiátricos ou a depressão. Houve pouca ou nenhuma evidência sobre os outros desfechos de interesse (mortalidade, carga de trabalho para o cuidador, qualidade de vida para o cuidador, mortalidade do cuidador e uso de serviços de saúde).
NOTAS DE TRADUÇÃO:
Tradução do Centro Cochrane do Brasil (Arnaldo Alves da Silva e Patricia Logullo)
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First added on: Apr 20, 2015